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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Elvis,o branco de alma negra




Elvis, o branco de alma negra.“Ele (Elvis) ensinou a América branca a se ajoelhar” (James Brown)



As décadas de 50, 60 e meados de 70 na América e no resto do mundo, foram marcadas por intolerância e conflitos raciais que dividiram a América entre uma maioria privilegiada (brancos ricos) e uma minoria massacrada, humilhada e acuada em guetos sujos e sombrios (os negros miseráveis). A música e a religião eram os únicos meios que estas pessoas tinham de expressar os seu sentimentos e faziam isto melhor do que ninguém!
O que conhecemos hoje como Rock’n’Roll, já existia muitos anos antes dos primeiros rockers brancos surgirem nas paradas de sucesso. O Blues e o Rhythm & Blues já eram manias entre a juventude negra desde o final da década de 30 e começo de 40, porém só eram tocadas em rádios especializadas (haviam muito poucas)  em “race music” e poucos brancos tinham acesso a estas gravações. A Sun Records (a primeira gravadora de Elvis) era uma das poucas e melhores gravadoras deste ritmo que mais tarde recebeu o nome de Rock’n’Roll (que nada mais era do que Blues e/ou Rhythm & Blues cantados por brancos).



Os negros eram obrigados a morar em bairros separados, a estudar em escolas reservadas só para eles (sempre inferiores as dos brancos) e uma série de outras humilhações e privações que pouco se diferenciavam da época em que eram escravos. Estas dificuldades também eram sentidas por imigrantes e por uma parte da população branca que também viviam na pobreza e entre esses uma família de East Tupelo, os Pressley (sim, com dois “s”).
Elvis nasceu e cresceu entre a miséria e a pobreza. Nasceu numa “shotguns shacks”, uma casa tão pequena que se alguém desse um tiro na porta de entrada o projétil atravessaria toda a casa e sairia pela porta dos fundos sem acertar ninguém. Normalmente estas casas tem três cômodos, porém a dos Pressley’s tinham apenas dois. A pobreza acabava derrubando as barreiras segregacionais, pois a fome e a humilhação eram sentidas na pele por ambas as raças e Elvis nunca se esqueceu disso.
Durante toda a sua vida, Presley nunca negou a sua origem. Elvis era odiado na década de 50 por levar para dentro das casas e do “mundo dos brancos” aquela música “do diabo” (isto é, “de preto”) e suas influências e mensagens. A critica censurava-o dizendo que “soava negro demais”. Em sua primeira entrevista numa emissora de rádio, após a execução “That’s All Right, Mama” (um blues composto e gravado em 1946 por Artur Big Boy Crudup) sua primeira gravação comercial,  o astuto locutor teve o cuidado de perguntar onde Elvis estudou, numa manobra para dizer sutilmente que Elvis era branco, já que a “Humes High School” (escola onde Elvis se formou) não admitia alunos negros.



Elvis era o branco com alma de negro e assim podia cantar a música daquele povo oprimido em lugares que um negro jamais imaginaria pisar um dia! Este foi um marco em toda a carreira de Elvis. Quem imaginaria em pleno ano de 1968 um bailarino negro se apresentando numa das principais emissoras americana e em horário nobre juntamente com outras moças negras entoando e dançando gospel music (lembre-se, 1968 foi o ano em que Martin Luther King foi assassinado exatamente por defender, entre outros, este direito de igualdade)?!? Pois bem, isto aconteceu no “The Comeback Special’68” pela NBC e teve 98% de audiência! Este show marcou a volta de Presley aos palcos e toda a platéia foi selecionada “a dedo”, e foram escolhidas belas garotas para ficarem nas primeiras filas, bem próximo ao palco e entre elas haviam moças negras. 




E as “Sweet Inspirations”, grupo vocal formado por negras que acompanharam Elvis de 1968 até a sua morte em 1977?!? Elas se apresentavam e se hospedavam em hotéis luxuosos onde negros, no máximo, eram faxineiros e nunca seriam aceitos na platéia ou, menos ainda, como hospedes! (vide o Show “Aloha From Hawaii” de 1973, transmitido ao vivo de Honolulu para vários países do mundo, totalizando mais de Um Milhão  de pessoas).
 Você pôde achar que estou exagerando ou “viajando”, mas prefiro ficar com as palavras de James Brown, o “king” do Soul e do Funk: “Ele (Elvis) ensinou a América branca a se ajoelhar” ou nas palavras do próprio Elvis: “Minhas canções exprimem doses de inconformismo e isso eu transmito por intermédio do meu corpo. Na verdade é a minha natureza se exprimindo totalmente. Quem tanto se preocupa com o balançar de minhas pernas, deveria parar, olhar e fazer alguma coisa pelos pobres que quando balançam os seu corpos é, muitas vezes para se aquecer e conseguir enganar o frio...” Pense nisso!!!

Escrito por: Donizete Augusto

Um comentário:

  1. Olá!
    Obrigado por compartilhar meu artigo.
    Leia mais em http://elvisblues.blogspot.com.br/ ou curta no facebook fb.com/elvisblues

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