A primeira vez que o produtor de cinema independente
Hal Wallis viu a atuação de Elvis, convenceu-o de que ele se tornaria um
astro de grande projeção. Um veterano no ramo de negócios com cinema
por 25 anos, Wallis tinha uma reputação estelar. Ele havia trabalhado
como produtor executivo na Warner Bros. por muitos anos antes de fundar a
Hal Wallis Productions em 1944.
Nos idos de 1956, Wallis capturou por acaso uma atuação de Elvis em um dos episódios de Stage Show.
O efeito eletrizante que Elvis provocou nas mulheres da platéia no
estúdio rendeu movimentos mágicos nos olhos aguçados do produtor. Sem
perder tempo, ele chamou Coronel Parker na manhã seguinte a fim de
realizar um teste de câmera para o jovem cantor controverso. Parker
estava tranqüilo, lidando com Wallis como o experiente negociante que
era, antes de casualmente responder que Elvis estava planejando estar na
costa o quanto antes e talvez um encontro poderia ser arranjado.
No dia 1° de abril de 1956, Elvis fez o teste de
câmera com o respeitado ator especializado Frank Faylen. Eles fizeram
uma cena da peça de N. Richard Nash, The Rainmaker (O Homem Que Fazia Chover),
que logo em seguida foi transformado em um filme de sucesso. Embora
tenha sido feito no Primeiro de Abril, o teste de câmera de Elvis foi
levado muito à sério. Sua presença de cena foi poderosa o suficiente
para Wallis propor um contrato para três filmes. Se Hal Wallis podia
confiar em Elvis como ator, então Hollywood aceitaria de bom grado que o
jovem cantor estava bem preparado para o estrelato no cinema.
Elvis sempre amou filmes. Quando ele estava na
escola secundária, trabalhou no teatro Loew's State Theater em Memphis.
Mais tarde em sua vida, quando seu status de superastro privou-o de
aparições públicas, Elvis freqüentemente alugava um teatro inteiro
somente para ser capaz de ver um filme em paz. Desde o início de sua
carreira, Elvis aspirou ser um ator de cinema. Quando sua súbita
notoriedade abriu a porta para que isso acontecesse, ele ficou ávido
para fazer o que quer que fosse para seguir carreira no cinema.
"Cantores vêm e vão," disse Elvis, "mas se você é um bom ator, pode
durar um bom tempo."
Hal Wallis estava trabalhando exclusivamente para a
Paramount Pictures na ocasião, mas o estúdio não tinha um roteiro
apropriado para Elvis quando ele assinou com Wallis. Assim, Elvis foi
emprestado para a Twentieth Century-Fox para um drama sobre a Guerra
Civil chamado The Reno Brothers. Sua participação no filme foi
um papel secundário e tanto Robert Wagner quanto Jeffrey Hunter haviam
sido considerados originalmente para o papel. Esse foi o primeiro e
último filme no qual a participação de Elvis não foi especificamente
planejada como marketing para ele.
A música tema do filme foi inspirada na balada da
Guerra Civil chamada "Aura Lee" e recriada como as "Love Me Tender."
Elvis lançou a música na forma de compacto, que se tornou imensamente
popular e ganhou grande exposição após ele cantá-la no The Ed Sullivan Show. Devido ao fato da música ter se tornado um sucesso, o nome do filme foi trocado para Love Me Tender antes da estréia em Nova York em 16 de Novembro de 1956.
O enredo trata do destino de uma família de
fazendeiros após a Guerra Civil. Elvis interpreta o filho mais novo,
Clint Reno, que se casa com a garota de seu irmão primogênito. Todos
acham que o irmão mais velho havia sido morto na guerra, mas ele retorna
inesperadamente. A família é separada pelas conseqüências do matrimônio
e no final, Clint é baleado e morto.
Os produtores de Love Me Tender se
preocuparam com a possibilidade dos fãs de Elvis terem uma reação
negativa com o final do filme. Disseram que a mãe de Elvis na vida real,
Gladys, ficou chocada com a morte dele no filme. Ninguém sabia se as
pessoas se afastariam dos cinemas uma vez que vazara o fato de que o
personagem de Elvis morreria em uma das últimas cenas.
No final original do filme, a mãe de Reno,
interpretada por Mildred Dunnock, toca o sino para como uma
remanescência do convite feito aos irmãos Reno para o jantar. A dor e a
tristeza em suas faces indicam que Clint havia ido para o Grande Além.
Os créditos finais seguem imediatamente essa pungente mas pessimista
cena.
Após as tomadas de Love Me Tender terem
terminado, Elvis foi chamado de volta no sentido de realizar um outro
final para o filme. Nessa versão, seu personagem sobrevive. Contudo, o
final utilizado realmente na versão definitiva do filme representa um
compromisso entre os dois. Clint Reno é morto, mas A face de Elvis é
sobreposta em cima da cena final com ele cantando "Love Me Tender". Essa
versão se identifica com o roteiro original, mas os fãs são deixados
com uma imagem mais positiva de seu ídolo.
Um grupo chamado Ken Darby Trio acompanhou Elvis nas
sessões de gravação da trilha sonora, mas isso não foi uma decisão de
Wallis. Ele não tinha nada a ver com a produção de Love Me Tender
porque ele foi realizado pela Twentieth Century-Fox. A história sobre
os músicos também não é verdadeira ou se refere a outro produtor de
Hollywood. De fato, Moore, Black e Fontana aparecem em filmes
posteriores que Elvis fez com Wallis.
Elvis sempre se deu bem com seus coadjuvantes e
freqüentemente reverenciava a maior experiência destes na participação
em filmes. Richard Egan, que interpretou o irmão primogênito Vance Reno,
disse sobre Elvis: "Aquele menino poderia encantar os pássaros das
árvores. Ele era tão disposto e modesto,nós fizemos o possível ao nosso
alcance para ajudá-lo". Anos depois, em 1972, durante compromisso em Las
Vegas , Egan se levantou depois do número final e iniciou uma ovação
para seu antigo coadjuvante.
Durante a produção de Love Me Tender, Elvis
manteve uma rápida paixão com a coadjuvante Debra Paget, iniciando um
longo hábito de flertar com suas parceiras de cena. Neste caso, todavia,
seus interesses não foram notados porque Paget não estava interessada.
Um par de anos mais velha que Elvis, Paget estava dedicando-se a sua
carreira na ocasião. Sua mãe, que era judia,com fortes tradições, estava freqüentemente no estúdio,
tinha grandes planos para Debra, nenhum deles envolvia Elvis.Havia tambem um boato de que ela era namorada do ecêntrico Howard Huges.
O filme de Elvis obteve resenhas brutais, o que não
foi surpresa considerando o criticismo da imprensa popular antes dele se
propor a atuar. Um crítico da revista TIME comparou a atuação
de Elvis em várias cenas no filme com o salsicha, um personagem animado
da Disney e um cadáver. Uma resenha na Variety foi mais direta
ao ponto: "Avaliar Presley como ator, ele não o é. Não que isso faça
alguma diferença". Mas o sarcasmo dos críticos caiu em ouvidos surdos.
Quando um imenso cartaz promocional de Elvis como Clint Reno foi exposto
no topo do cinema da cidade de NovaYork, milhares de fãs apareceram
para ver a imagem de Elvis maior que a real.
Ainda que Love Me Tender tenha sido um distanciamento da imagem normal de Elvis, seu filme seguinte, Loving You, o trouxe de volta às suas raízes no rock 'n roll.
Fonte:lazer.hsw.uol.com.br