ENTREVISTA COM JENNIFER HOLDEN - JULHO DE 1999
O que se segue é uma entrevista telefónica feita a
Jennifer Holden, levada a cabo por Andrew Hearn, em Julho de 1999.
Toda a gente se lembra
da loira teimosa, Sherry Wilson, que fez Vince Everett passar por
maus momentos no filme de 1957,
Jailhouse Rock.
Nos estúdios as coisas eram mais ou menos iguais...
Olá, Jennifer, é boa hora para
telefonar?
Oh, sim, acabei de chegar, mas gostava de te entrevistar a ti primeiro, se não te importas, para variar.
Tudo bem, diga lá.
Há quanto tempo estás envolvido nestas coisas de Elvis?
Já tenho a revista
há cerca de 6 anos, mas a edição a cores foi lançada apenas há uns
meses, por isso, é algo de novo. Mas acabou por se transformar em
algo de importante.
Isso é espantoso. És
uma pessoa ligada aos computadores?
Bem, um pouco, mas
eu tenho aqui algumas perguntas para lhe fazer. Vou começar com
algumas que são óbvias. Conte-nos como obteve o papel em
Jailhouse Rock.
Bem, antes estive num
filme com Robert Taylor intitulado Tipping a Dead Jockey e
estas eram pessoas tipo Rebel Without a Cause. Quase nem
podia dar dez passos e dizer o que era suposto dizer. Eu disse como
me sentia e o realizador gostou, mas Robert Taylor quase teve um
ataque cardíaco. O realizador prometeu-me que eu estaria no seu
filme seguinte e foi assim. O filme acabou por vir a ser
Jailhouse Rock.
Lembra-se do seu
primeiro encontro com Elvis? Quem vos apresentou?
Foi em Vegas e fui-lhe
apresentada quando ele estava a atuar no Frontier. Naquele tempo
ele tinha muito mau aspecto, com um velho casaco de cabedal vestido
e pensei em passar-lhe uma rasteira quando ele fosse a passar.
Alguns amigos meus apresentaram-nos, mas não me envolvi realmente
com ele até fazer o filme.
Quando acabaram por se situar no filme, deram-se bem desde o primeiro dia?
Demo-nos muito bem,
mas no início foi um bocadinho difícil porque acho que ele estava a
passar por muitas mudanças emocionais porque sabia que ia ser
mobilizado para o exército. Normalmente quando vimos para os
estúdios e somos apresentados aos nossos colegas, toda a gente se
esforça bastante para que todos se sintam à vontade. Mas Elvis
limitou-se a ficar sentado num canto com os seus rapazes. Mas mal
nos conhecemos como deve ser, ficámos bons amigos.
Elvis adorava
mulheres, como todos sabemos. Ele chegou a namorar contigo?
Então é assim; o
realizador trouxe a cena de amor, certo? E ainda nos sentíamos
bastante frios um em relação ao outro e isso pode ver-se na minha
cara. Bem, tivemos de fazer a cena do beijo e lembro-me de pensar
que ia dar o meu melhor para penetrar na armadura dele. Correu
bastante bem e deitei as defesas dele abaixo, nem foram precisos
muitos takes, pois correu tão bem.
Convivia como Elvis
fora do estúdio?
Não, nem tanto. Depois
de termos feito a cena na piscina, regressei ao meu camarim e havia
lá um interruptor com defeito. Fui acender um candeeiro perto da
porta e de repente uma faísca saltou na minha direção, saía da
ficha na parede. Fiquei tão assustada que gritei por Elvis e ele
veio a correr, abriu a porta e depois convidou-me para jantar e
falámos imenso sobre os problemas que ele estava a ter. Sentia-se
profundamente inseguro sobre o que lhe iria acontecer por causa do
exército; e estava quase a acontecer.
Havia algumas
brincadeiras com os rapazes?
Nem por isso, ele
limitava-se a estar com os rapazes e pronto. Por acaso lembro-me
deles, mas nunca me mantive em contacto com nenhum deles.
E agora tenho aqui
uma pergunta para lhe fazer. Isto tem intrigado muitos fãs e também
já pensei no assunto. A cena na piscina foi obviamente filmada num
dia quente de Verão e toda a gente usava camisas de manga curta ou
bikinis. Mas durante a atuação de Baby I Don’t Care, Elvis estava a
assar com um pullover de lã de gola alta. Faz alguma ideia porquê?
Não estava realmente
frio, era um dia típico da Califórnia. Mas provavelmente foi como
eles o quiseram vestir. A pessoa do guarda-roupa sabia exatamente
que aspecto ele devia ter. Quer dizer, nunca gostei muito da
maquiagem que tinham de nos colocar. Na altura e que estávamos a
fazer o filme, tínhamos de ter o aspecto típico que as pessoas
tinham em Hollywood.
Ha que altura teve
alguma indicação de como Elvis iria durar tanto? Apercebeu-se de que
ele iria ainda ser tão popular nos dias de hoje?
Na noite em que saímos
e conversámos, disse-lhe que ele nunca teria de se preocupar com
nada. O maior receio dele era que ninguém nunca fosse capaz de lhe
dizer que não e, sim, sempre soube que ele seria importante.
E que tal sobre
romance, houve algum?
Estás a ver, quando
representávamos juntos estávamos apaixonados. Se um actor não
consegue chegar a essa profundidade, então ninguém consegue
acreditar nele, por isso cada momento foi tão intenso que nos
amávamos totalmente um ao outro. Foi um bom filme porque foi
totalmente credível.
É uma pergunta
difícil, mas há alguma coisa em particular que se destaque na sua
cabeça. Elvis fez ou disse alguma coisa de que se lembre mais?
Sim, é difícil, porque
tudo sobre o que falámos foi bastante sério, mesmo que não
convivêssemos muito. Foi tão intenso quando conversámos e quando
estávamos a filmar, que cheguei a inventar coisas para parecer mais
natural. Quer dizer, quando nos beijámos e eu disse que estava a
ficar toda derretida, isso foi improvisação.
Isso é maravilhoso,
aposto que os fãs vão ver essa parte do filme com muito mais
interesse quando voltarem a vê-lo. Bem, isto leva-me à pergunta
inevitável; como acha que o mundo deve recordar Elvis Presley?
Acho que na realidade
ele trouxe a música negra ao mundo quando o homem branco não a podia
aceitar. Literalmente apresentou-a ao mundo, se bem que Little
Richard já estivesse em campo. Eu sempre adorei os blues e fui
criada em Chicago. Mas porque ele a trouxe para a ribalta, abriu
caminho para que todos se lhe seguissem, desde os Beatles aos
Rolling Stones e muitos mais.
Bem, muito obrigada
pela conversa, Jennifer. A propósito, espero conseguir persuadi-la a
vir até à Inglaterra como convidada de um dos nossos eventos.
Nunca fui à
Inglaterra, não é horrível? Adoraria ir, muito obrigada pelo
telefonema.
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