Bill Belew distingue-se por ter sido a pessoa que concebeu todos os trajes de palco e pessoais de Elvis Presley, desde 1968 até à sua morte, em 1977.
Licenciado pela Parsons School de
Design em Nova Iorque, Belew também já concebeu trajes para uma
multidão de artistas, incluindo Lynne Redgrave, Lena Horne,
Josephine Baker, Ella Fitzgerald, Gloria Swanson, Sandy Duncan,
Victoria Principal, Pia Zadora, Joan Van Ark, Brooke Shields, Jaclyn
Smith, Joan Rivers, Gloria Estefan, Gladys Knight, Roberta Flack e
Dionne Warwick, bem como Milton Berle, Doc Severensen, entre muitos
outros.
Foi Elvis quem o abordou para o Especial de 68?
Na realidade, foi Steve Binder, que foi quem produziu
o espetáculo, e também o realizou. Ele tinha reunido um grupinho de
várias pessoas, éramos todos da costa oriental. Porque na altura ele
queria que se fizesse algo diferente do que se tinha feito em
Hollywood até então. E a minha primeira experiência a trabalhar com
o Steve foi no Especial de Petula Clark, quando Petula veio à
América. Fizemos esse especial e fomos recebidos com grandes
aplausos e elogios de todos os lados. Por isso, quando Steve foi
contactado para fazer um programa sobre Elvis, perguntou-me se fazia
o guarda-roupa, pois queria manter o nosso grupinho todo junto.
Na realidade, quando começámos a falar no assunto, o
Steve disse que queria literalmente fazer tudo em torno de um
concerto, de Elvis e dos rapazes. E disse, “Que pensas tu sobre o
que deve ele vestir?” E eu pensei no assunto e respondi, “Já o vi
com uma jaqueta de couro, mas nunca o vi todo de couro.” E disse,
“Porque é que nós não…” porque naquele tempo, toda a gente andava de couro. Quer dizer, usavam calças e casacos de couro. E eu sugeri,
“Porque não mandamos fazer uma jaqueta de couro e umas calças de couro? E porque é que não mandamos fazer as mesmas peças de roupa,
mas em cabedal preto?” E o Steve disse, “Adoro a ideia que acabaste
de dar. Fazes um desenho disso?” e fiz-lhe um desenho.
E foi assim
que começou. E, quando olhamos para Elvis, a coisa que mais me
impressionou quando o conheci, foi que era realmente um homem muito
atraente. E quando comecei a fazer fatos, muitas das coisas em que
me baseei na altura foi em períodos e fases que estava a atravessar
na vida. Sempre fui um grande fã do Napoleão. E quando olhei para
Elvis, disse que ele era a pessoa certa com quem eu podia
experimentar o colarinho Napoleónico, porque seria como uma moldura
do seu rosto. Ele disse que gostava muito de muitas coisas que eu
fazia para as mulheres, quando está a conceber as suas roupas, para
chamar a atenção para os seus rostos. E eu pensei, bem, se eu
conseguir meter ali o colarinho, as pessoas vão reparar no rosto
dele e o colarinho vai emoldurá-lo. E foi assim que o colarinho
surgiu.
Então a ideia foi sua, não foi de Elvis.
Não, a única coisa que realmente tenho a dizer sobre
Elvis foi que foi absolutamente fantástico comigo.
Nunca disse uma única vez, “É isto que quero”. Sabe?
Do tipo, faça-me isto.
Ou não quero vestir isto. Só tivemos um pequeno
desacordo em algo que estávamos a fazer no especial. Mas durante
todo o nosso relacionamento profissional, nunca houve uma situação
em que ele não tivesse sido fantástico.
Quando Elvis fez o seu regresso a Las Vegas, fale-me
do que ele vestiu.
Bem, quando o Joe me telefonou a dizer que o Coronel
Parker gostava que eu fizesse o guarda-roupa de Elvis para Vegas e
se estava interessado, disse-lhe que sim. Na altura o que quisemos
fazer foi experiências sobre o que teria um melhor aspecto nele. E
claro, ia ser a minha primeira vez a trabalhar em Vegas. Já tinha
trabalhado em Nova Iorque para os palcos, mas era bastante
diferente. As iluminações aí ainda estavam nos seus primeiros
estágios de evolução.
E descobrimos que a cor que funcionava melhor
era o branco. Isso permitia que eu pudesse mudar as cores nele, ao
passo que o preto absorveria todas as outras cores. E ficava também
mais difícil de o fazer destacar-se. E também fizemos experiências
com o azul, que era um das suas cores favoritas. Vermelho. Mas íamos
sempre parar à mesma conclusão, que o branco era melhor e, claro,
como sabe, queremos que a estrela seja a pessoa e não o
guarda-roupa.
O preto detinha mais calor.
Sim, isso também, como sabe.
É ótimo. Faz-nos parecer mais magros.
Mas naquele tempo Deus é testemunha que uma das
minhas preocupações não era fazê-lo parecer magro. Quer dizer, eu
sempre tive muita sorte e é o que sempre digo quando falo com os
clubes de fãs. O Bob Mackie teve a Cher, eu tive o Elvis Presley.
Quer dizer, era um corpo fabuloso sobre o qual trabalhar. Ele tinha
realmente uma forma especial de usar as roupas e de as experimentar.
Para o especial, foi um tipo de tecido que usei na
altura, mas era muito quente. E havia um tecido que estava a ser
muito usado nas roupas masculinas que era um tipo de malha jersey
que esticava. Por isso, quando fomos para Vegas, contactei os Ice
Capades e falei com alguns amigos que lá tenho. E disse, “Será que
estavam interessados em fazer as roupas de Elvis Presley para
Vegas?” Pois eu gostava de usar o tecido que é famoso por ser
utilizado pelos patinadores no gelo, ou gabardine. Isso permite que
os patinadores possam fazer as espargatas, as reviravoltas e tudo o
mais.
E pensei que havia de ser ótimo para Elvis porque uma das coisas que ele disse que queria incorporar no seu espetáculo era o karaté. E pensei que tinha de encontrar algo que lhe permitisse fazê-lo. O tecido de malha de lã que utilizámos muito para os trajes deste especial, muito embora tenham um aspecto ótimo, é muito quente. E eu sabia que ele era uma pessoa que transpirava muito quando atuava ao vivo. Por isso, não queria acrescentar mais calor que aquele que era absolutamente necessário ao seu guarda-roupa.
E pensei que havia de ser ótimo para Elvis porque uma das coisas que ele disse que queria incorporar no seu espetáculo era o karaté. E pensei que tinha de encontrar algo que lhe permitisse fazê-lo. O tecido de malha de lã que utilizámos muito para os trajes deste especial, muito embora tenham um aspecto ótimo, é muito quente. E eu sabia que ele era uma pessoa que transpirava muito quando atuava ao vivo. Por isso, não queria acrescentar mais calor que aquele que era absolutamente necessário ao seu guarda-roupa.
Os seus trajes começaram a ter cada vez mais jóias.
Qual era o fato favorito dele?
Bem, eu sei que ele gostava do traje do dragão. Sei
que gostava do pavão. Gostava do leopardo. E, claro, acho que
possivelmente o seu favorito sempre foi o traje Aloha, com a águia
americana, sabe.
Não recebeu um aviso prévio com muito pouco tempo
para fazer uma capa?
Certo, certo. Bem, tive esta grande ideia quando
estávamos para estrear no Hawaii. E tivemos longas conversas sobre
como iria ser o fato, porque Elvis disse, e foi realmente a única
vez que ele expressou qualquer tipo de preocupação sobre o que iria
vestir. Ele disse, “Bill, quero que o fato diga América.” E
discutimos muito sobre o que iríamos fazer.
E lembro-me quando estiva na Europa, tinha visto lá a Embaixada Americana. E na altura havia uma grande controvérsia pelo facto de a embaixada ter uma grande águia americana na fachada. E eu disse, “Já sei.” “Sei o que vai funcionar porque já tinha pensado na bandeira americana”, mas eu disse, “Não, não.” E disse, “A águia americana”. E ele disse, “Isso é fantástico. Gosto disso,” e foi o que fizemos.
E lembro-me quando estiva na Europa, tinha visto lá a Embaixada Americana. E na altura havia uma grande controvérsia pelo facto de a embaixada ter uma grande águia americana na fachada. E eu disse, “Já sei.” “Sei o que vai funcionar porque já tinha pensado na bandeira americana”, mas eu disse, “Não, não.” E disse, “A águia americana”. E ele disse, “Isso é fantástico. Gosto disso,” e foi o que fizemos.
E eu então disse, “Vamos fazer esta capa, entras no
palco, com as costas viradas para o público e abres a capa. E
depois, quando começar a abertura, tu viras-te de repente e lá
estarás tu.” E a capa devia ter um comprimento até aos pés.
E fizemos essa capa. A capa foi enviada para o
Hawaii.
E Elvis vestiu-a, ia dar um passo em frente e caiu
para trás, de costas no chão.
A capa era tão pesada que ele nem sequer era capaz de caminhar com ela posta. E recebemos um telefonema que dizia, “Bill, a capa é linda, mas o Elvis não se consegue mexer com ela vestida.” Então entrámos imediatamente em produção, fizemos uma capa mais curta, para que ele a pudesse usar. Mas sempre tive esta imagem, durante todos estes anos, dentro da minha cabeça, de Elvis a dar um passo para a frente e pumba. Ali caído, no meio desta capa enorme. E também consigo vê-lo a rir às gargalhadas.
A capa era tão pesada que ele nem sequer era capaz de caminhar com ela posta. E recebemos um telefonema que dizia, “Bill, a capa é linda, mas o Elvis não se consegue mexer com ela vestida.” Então entrámos imediatamente em produção, fizemos uma capa mais curta, para que ele a pudesse usar. Mas sempre tive esta imagem, durante todos estes anos, dentro da minha cabeça, de Elvis a dar um passo para a frente e pumba. Ali caído, no meio desta capa enorme. E também consigo vê-lo a rir às gargalhadas.
Só tivemos pouco mais de um dia. Trabalhámos
literalmente 24 horas na capa.
Elvis também teve problemas com franjas?
Muitas das coisas que fiz para Elvis naqueles
primeiros tempos eram coisas que eu e outros miúdos usávamos na
altura. Por isso muitas coisas eram enfeitadas com macramé, franjas
e contas, dessa época. E, claro, como sabe, com todos os movimentos
que fazia e a tocar guitarra, nunca tinha pensado que as franjas se
podiam emaranhar nele. Foi muito depois, quando fiz mais umas roupas
para outras estrelas, em que também usei franjas, é que os vi todos
emaranhados nelas. E pensei, “Oh, meu Deus, como devia ter sido para
Elvis, com todas aquelas franjas a abanarem à sua volta.”
As franjas eram tão compridas no Wings que ele
ficou atado.
Certo, sim.
Oh, sim.
Qual foi a ideia por detrás do traje do cigano?
Foi apenas uma ideia, como tudo o resto. Eu tinha
acabado de ver um filme com um traje de cigano e pensei que poderia ser
interessante. Estava sempre a tentar pensar em coisas interessantes,
já que tantas das coisas que fazíamos e o progresso dos trajes de
Elvis eram realmente ditados pelos seus fãs. Muitas das coisas que
fiz gostaria de as ter iniciado muito mais cedo.
Mas uma coisa que na altura nunca quis que acontecesse com roupas que eu concebesse para Elvis, foi que se fizesse alguma menção à sua masculinidade, sabe? Do tipo, porque está ele a usar aquilo? Por isso, foi realmente um progresso ditado pelos fãs. Quanto mais fazíamos, mais eles aplaudiam. E mais faziam por isso. Então acabou por chegar ao ponto em que em pensei, bem, podemos acrescentar jóias, que nunca se vai questionar o porquê de estar usar esta ou aquela roupa.
Mas uma coisa que na altura nunca quis que acontecesse com roupas que eu concebesse para Elvis, foi que se fizesse alguma menção à sua masculinidade, sabe? Do tipo, porque está ele a usar aquilo? Por isso, foi realmente um progresso ditado pelos fãs. Quanto mais fazíamos, mais eles aplaudiam. E mais faziam por isso. Então acabou por chegar ao ponto em que em pensei, bem, podemos acrescentar jóias, que nunca se vai questionar o porquê de estar usar esta ou aquela roupa.
Fale-nos do Sundial.
Mais uma vez, estava a ler algo numa revista e
aconteceu deparar-me com um artigo sobre os Aztecas. E vi o sol
azteca e pensei, isto era capaz de dar um belo desenho. E limitei-me
a usá-lo.
Parece tão intrincado e difícil de fazer.
Não. Houveram outros que foram muito mais difíceis de
fazer, mas era muito intrincado pelo fato de ser bastante bordado. E
levou bastante tempo até ter o padrão todo feito.
Você trabalhou em trajes futuros.
Bem, a última coisa na qual estava a trabalhar e
chegámos a ter um protótipo do fato, chama-se o fato laser. E até me
encontrei com um eletricista que era especialista em lasers. E
naquele tempo os lasers eram relativamente novos. Agora os
espetáculos com laser são uma coisa estrondosa. E por isso, concebi
aquilo que seria considerado como o fato das jóias. Chamava-se o
fato diamante. E o que fizemos foi que haviam certas partes que
tinham pedras bem grandes de onde os raios laser seriam disparados.
E estas pedras estavam posicionadas estrategicamente no fato. Sempre que ele se tocasse nalguma parte do corpo, haveriam estes raios laser. E chegámos ao ponto em que o tivemos quase pronto para lhe mostrar. E foi, de fato, na manhã em que soube da sua morte. Ia a caminho do estúdio pois íamos vesti-lo ao manequim. E o eletricista e eu íamos testá-lo. E foi assim.
E estas pedras estavam posicionadas estrategicamente no fato. Sempre que ele se tocasse nalguma parte do corpo, haveriam estes raios laser. E chegámos ao ponto em que o tivemos quase pronto para lhe mostrar. E foi, de fato, na manhã em que soube da sua morte. Ia a caminho do estúdio pois íamos vesti-lo ao manequim. E o eletricista e eu íamos testá-lo. E foi assim.
Se Elvis tivesse chegado a ir à Europa, que ideias
tinha você para as roupas?
Seria o traje a laser. Sim, era esse, sabe?
Mas, como sabe, não deu… pois...
Diga-nos como era trabalhar com Elvis. Tem algumas histórias engraçadas para partilhar, para além daquela que já contou sobre a capa?
Ele era sempre tão impecável que nunca questionou
nada daquilo que fiz. Muitas vezes o Joe telefonava e dava recados.
Lembrei-me duma história engraçada. Tínhamos acabado
de estrear em Vegas.
E eu não conhecia este Elvis, que Elvis era uma
pessoa noctívaga. Naquele tempo eu era consideravelmente mais jovem,
por isso, provavelmente por volta das 23h30 ou meia-noite era a hora
em que eu ia para a cama. Uma noite eu estava na cama. E acho que
eram para aí umas 2 ou 3 horas da manhã quando o telefone tocou. E,
claro, naquela fase da minha vida, a primeira coisa em que pensei
foi na minha mãe. Que tinha acontecido alguma coisa. É a minha mãe e
estão a telefonar-me por causa dela.
Atendi o telefone e era o Joe
Esposito a dizer, “Quero falar contigo. O Elvis quer encomendar mais
umas roupas.” E de repente apercebi-me que não tinha nenhum papel,
caneta, lápis, nada. Tinha uma mesa-de-cabeceira ao lado da cama e
estava forrada a veludo. A única coisa que pude fazer foi utilizar o
dedo para escrever os pedidos do Joe no veludo e pensar, “Por favor,
meu Deus, deixa-me lembrar-me de tudo o que ele me está a dizer.”
Estou a escrever aquilo tudo e o Joe a dar-me imensa informação. Mal
ele desligou, levantei-me logo, acendi a luz, peguei num lápis e num
papel, sentei-me e comecei a decifrar os meus apontamentos. A partir
daquele momento tive sempre lápis e papel na minha
mesa-de-cabeceira. E disse, “Isto nunca mais me há-de acontecer.”
Mas basicamente todo o guarda-roupa que fiz para o
palco, ele nunca disse nada sobre o mesmo. E mais tarde vim a saber
que aqueles fatos que me faziam rir, eram os que ele vestia para
fazer passagem de modelos para os rapazes. E já vi fotos tiradas
pelas pessoas que o viram a fazer passagem de modelos do
guarda-roupa, a rir-se e a divertir-se.
E depois, claro, quando as relações públicas chegaram
ao ponto em que ele falava tanto e encontrava-se com tanta gente,
que me disse se eu faria o seu guarda-roupa pessoal. Porque era um
corpo difícil de vestir, no sentido em que não podia ser algo de
vulgar, se comprava alguma coisa nas lojas, depois tinha de ser algo
alterado. E tal como muita gente, ele não gostava de ter de arranjar
sempre as roupas que comprava. Por isso calculo que lhe tenha feito
algumas coisas bem interessantes e provavelmente uma das mais
importantes foi quando ele conheceu o Presidente Nixon. Ele
telefonou-me e disse-me, “Quero que me faças um fato porque vou
conhecer o presidente.”
E lembro-me de isso ser uma grande excitação
para ele, pois lembro-me que já eu já tinha trabalhado para o
Kennedy. E eu tinha feito um espectáculo em Nova Iorque para o qual
Jacqueline Kennedy nos tinha convidado para sermos uns dos poucos
permitidos na Casa Branca para a festa do seu aniversário. E sei
muito bem como ele se devia estar a sentir, sendo ele um pequeno
rapaz sulista. Não há nada de mais entusiasmante do que conhecermos
o nosso presidente. E então, um dia eu estava lá casa, depois de
Elvis ter regressado. E normalmente o que eu fazia era que ficava
na sala-de-estar e orientávamos todas as nossas reuniões.
Disseram-me para regressar ao quarto e pensei, oh,
meu Deus, o que é que vai acontecer agora, sabe? Vão mandar-me de
volta. Ele e Priscilla estavam sentados na cama e ele tinha os
livros e os panfletos todos que tinha adquirido do Presidente.
Disse-me que queria que visse aquilo tudo, como era fantástico.
Estivemos ali sentados a olhar para os livros e para as coisas que
foram autografadas para ele. E eu disse, “Sei exatamente como te
sentes porque sei como foi quando conheci o Presidente Kennedy.”
Tinha achado a coisa mais espetacular que já me tinha acontecido.
E
depois acabei por vir a trabalhar com Tish Baldridge e ela disse, “O
que posso fazer por ti?” E eu disse, “Algures nos arquivos, há uma
foto minha com o Presidente Kennedy.
Gostava de a ter.” E Tish Baldridge foi absolutamente
fabulosa.
Não sei como foi que a descobriu. Mas encontrou,
fiquei com a foto e ainda está em cima da minha mesa, na
sala-de-estar. Mas tal como disse a Elvis, disse, “Sei como te
sentes entusiasmado.
Consigo mesmo, estou mesmo contigo.” Ele era como um
rapazinho, sabe.
Comemos um doce e, caramba, estavamos a nos divertir.
E acho que tenho um livro e mais uns papéis que ele me deu nessa
noite. Disse, “Quero que fiques com isto, da visita que fiz à Casa
Branca.” Fantástico.
Foi um tipo de traje rôxo que Elvis usou para
conhecer o presidente?
Não, foi azul muito escuro.
No que é que estava a pensar quando concebeu aquele traje?
Bem, era muito semelhante ao outro tipo de roupas que
já tinha feito para ele. As roupas básicas, quero eu dizer. E a
única coisa de diferente que fiz foi acrescentar uma capa ao traje,
algo que às vezes fazíamos e outras vezes, não.
Fale-nos do seu TCB.
Fiquei absolutamente espantado. Sabe?
Já tinha visto os rapazes com os seus TCBs. E um dia,
estava lá para cima e estávamos a falar de guarda-roupa e outras
coisas. E ele estava, como quase sempre fazia naquele tempo, sentado
no chão à minha frente, enquanto falávamos. E ele disse, “Tenho uma
prenda para ti.”
E abriu-a e lá estava o TCB. Nem queria acreditar.
Pensei, meu Deus, agora sou um dos rapazes. A sério.
Fale-nos das recordações que tem do Coronel Parker.
Tive muito pouco contacto com o Coronel. Quase todos
os meus negócios eram feitos com Elvis.
Onde é que trabalhava?
Em Los Angeles. Vivia em Los Angeles nessa fase da
minha vida. Sim, porque estava a fazer imenso trabalho na televisão
e outras coisas ao mesmo tempo.
Não, não, nem por isso. A única coisa que recordo foi
que uma vez ele me telefonou a dizer que o Sonny West se ia casar e
queria um fato.
E que fosse um smoking. Então fiz-lhe um smoking.
E ele disse-me, “Vai até à Schwartz and Albusser e
manda-os fazer algumas jóias.”
E eu disse, “Oh não, não, Elvis. Isso é muito pessoal.
Vai lá tu,” sabe? “Não, não, não, vais lá tu.
Tu é que vais escolher o tipo de jóias.” E então lá
fui eu e foi assim que conheci o Saul e o Abe. Conforme o tempo foi
passando, fomos ficando amigos.
Esta é apenas uma das muitas histórias que mostram
como este homem era generoso. E o Saul contou-me que havia uma
senhora que costumava ir até à loja bastantes vezes, para admirar um
anel com esmeraldas e diamantes.
E era muito dispendioso. Mas ela não parava de
aparecer.
Olhava para ele e eles tentavam convencê-la a pagar a
dar algum dinheiro e depois ir pagando. Não, não, não, o seu marido
não permitiria. Então um dia ela estava lá quando Elvis entrou. Ela
olhou para o anel e o Saul voltou a guardá-lo no estojo. E Elvis
perguntou, “Que é que se passa?” E ele respondeu, “Bem, sabes” e
contámos-lhe a história dela. E em como sempre tinha querido este
anel e tinha medo que o marido se zangasse se o comprasse.
E ele
disse, “Vai lá buscar, embrulha e me traga.” E o Saul disse, “A
sério?”
Ele respondeu, “Faz isso já.” E ele fez.
Foi ter com a senhora e ela disse, “O que é isto?” E
ele explicou, “Aquele senhor que ali está, o Sr. Presley, gostaria
que a senhora ficasse com este anel.” E ela ficou muito emocionada e
disse, “”Não, não, não pode fazer isto.” Mas Elvis disse, “Qualquer
pessoa que quer assim tanto uma coisa, deve tê-la.” E continuou,
“Quero que fique com ele. E por favor, aceite-o com o meu carinho e
a minha gratidão.” Eu achei aquilo a coisa mais espetacular do
mundo. A mais espetacular.
Há alguma história favorita que queira partilhar com
os fãs?
Oh. Acho que é sobre o fato que se rasgou em Vegas.
Eu fiquei para morrer. Só me queria enfiar debaixo da mesa. Senti-me
tão envergonhado quando soube que o fato se tinha rasgado. Escusado
será dizer que tentei evitar que isso voltasse a acontecer. Para mim
havia muitas coisas especiais em relação a ele. Já não falando que
houve imensas pessoas, muitas delas maravilhosas que me abriram as
suas portas (por causa dele) para lhes conceber as roupas.
Provavelmente não teria tido essa oportunidade se não tivesse sido
ele a dar-me aquela “estreia”, sabe? Porque ele estreou-se mesmo ---
aquele especial causou muito falatório e muito interessante. Ainda o
acho interessante e às vezes, mesmo hoje, ainda o ponho a tocar, só
para o ver. E continua a ser maravilhoso. Mas tenho outra história.
Fale-nos dela.
Já me tinha esquecido desta. Quando o Joe nos
telefonou a dizer que a capa e o cinto tinham sido atirados para o
público, não estávamos preparados para isso. Nós, é claro, fomos
imediatamente produzir outros. E nessa altura eu estava a fazer um
espetáculo com Flip Wilson. E tinha mais uma vez criado Geraldine
para Flip. Ele sabe como ela era. Mas a nível visual, não. Por isso
disse, “Deixo a teu cargo a criação de Geraldine”. Então tive de
ficar em LA naquela Sexta-Feira à noite em que íamos gravar e as
roupas tinham de ir para o Hawaii. Sendo assim, mandaram-nos o
avião, os bilhetes, estava tudo tratado. Disse ao Nicky, que fazia
os trabalhos dos bordados nos fatos de Elvis, “Nicky, faz-me um
favor, por favor. Pega nestas roupas e vai até ao Hawaii entregá-las
por mim.”
E o Nicky disse, “Oh, claro.”
Então, lá foi
ele.
E havia um lugar no avião vazio para pôr as roupas de
Elvis. E assim, pouco depois de terem levantado voo, a hospedeira
veio ter com ele e disse, “O que é isso que tem aí no lugar ao seu
lado?” E ele respondeu, “São a capa e o cinto de Elvis Presley. Vou
entregá-los ao Hawaii para o seu especial televisivo.” E passado
pouco tempo o Nicky disse, “Ouvi uns murmúrios.” E ele disse que era
a hospedeira. Ela disse, “A capa de Elvis está em cima daquele
lugar.” Ele contou que passado pouco tempo ela voltou junto dele e
disse, “Posso tocar nisso?” E ele respondeu, “Claro”. E ela
baixou-se para tocar no embrulho e voltou para trás a dizer, “Toquei
na capa de Elvis”. Tinha-me esquecido como isso era engraçado até o
Nicky me recordar daquela história. “Toquei na capa de Elvis.”
Mas talvez não se surpreendesse por saber quantas
pessoas hoje gostariam de tocar nas roupas de Elvis.
Exatamente. Sim.
Os seus trajes são tão originais que em todo o lado
onde vemos Elvis, vemos o seu trabalho. Como é que isso o faz
sentir-se?
Maravilhosamente bem. Acho que provavelmente uma das
coisas mais espetaculares e incríveis que me aconteceu foi há cerca
de três ou quatro anos atrás, na Esquire. O Versace disse, “A
única coisa que invejo é Bill Belew ter tido o trabalho de vestir
Elvis Presley. Esse teria sido um trabalho que eu gostaria de ter
tido.” Tenho esse artigo guardado comigo e quando de vez em quando
fico em baixo, pego nele e leio-o e penso, “Isso não é nada mau,menino”. Principalmente vindo de um pequeno lugar do sul. É bastante
bom saber que o Versace também gostaria de ter feito as roupas de
Elvis.
Você fez Elvis feliz e fez milhões de fãs em todo o
mundo felizes. Daqui a mil anos ainda estarão a apreciar o seu
trabalho.
É tão bom ter tido a oportunidade de fazer parte da
vida dele, a sério.
E foi tão bom tê-lo aqui junto de nós para falar
conosco. Obrigado.
Oh, o prazer foi meu, sempre.
Fonte: http://www.elvis100percent.com
Bela história, muitos de voces ou conviveram ou viveram na mesma época que o Elvis Presley viveu, eu não, eu nasci em 1983, o lado bom é que eu nasci nodia 8 de Janeiro e o Elvis Presley também
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