Há uns 2 meses atrás eu pedi à uma querida amiga de Memphis para me colocar em contato com um dos amigos mais chegados dela – o legendário maestro dos Concertos de Elvis, Sr. Joe Guercio - a fim de tentar obter dele uma breve entrevista. Eu não tinha a menor idéia do quão disponível ele estaria para responder algumas perguntas a mim.
Naquela ocasião então, minha amiga ligou para Joe e pediu
a ele que desse uma entrevista para uma fã brasileira e ele adorou
a idéia. Pediu a ela meu número de telefone mas disse
a ela que me deixasse ciente de que me ligaria ainda naquela semana,
contudo seria tarde da noite.
Acho que eram 2hs da manhã (horário Brasil) quando ele
me ligou!
Eu
estava dormindo mas imediatamente acordei e me preparei rapidamente
– caneta, papel, mini-gravador e já estava pronta para
mais uma aventura! A entrevista foi gravada já que seria por
telefone e eu poderia perder alguma coisa importante no meio da conversa.
Eu gostaria de agradecer muito mesmo a Gigi e ao Sr. Joe Guercio pela
amizade e pela disponibilidade com que ambos se colocaram frente a este
pedido meu. Do fundo do meu coração. (do site Elvis Presley Fan Club Brazil)
Jacquie:
Olá Joe! Primeiramente muito obrigada por aceitar nos dar esta
entrevista. Você é uma pessoa muito querida pelos fãs
brasileiros e seu gesto significa muito para nós! Bem, de qualquer
forma, eu espero que você não se importe…
Joe: De jeito nenhum!
Eu não sei se eu poderei responder todas as perguntas, mas eu
vou tentar...
Jacquie:
OK. Elvis é muito conhecido por sua generosidade.
Quais os tipos de presentes que você ganhou dele e qual deles
foi o seu favorito?
Joe: Bem, você tem
razão. Elvis era uma pessoa muito generosa. Hoje mesmo eu estava
olhando uma foto em uma revista que mostrava Elvis me dando de presente
de 37º aniversário um relógio de ouro. Eu sempre
mantive este relógio em minha casa com medo que pudesse perdê-lo.
Mas há alguns anos atrás, acho que há uns 10 anos
atrás, minha casa foi assaltada e o relógio foi roubado.
Eu nunca mais o vi novamente. Mas meu presente favorito vindo de Elvis
é o minha corrente de ouro com o pendente TCB. Uma noite, a corrente
quebrou e eu levei ao joalheiro de Elvis para consertá-lo. Quando
fui buscá-lo de volta, o joalheiro havia adicionado à
corrente a pedido de Elvis, um diamante bem no meio com os cumprimentos
de Elvis. Jamais poderia esperar isso, jamais!
Jacquie:
Joe, nós podemos esperar por algumas datas para
um futuro breve no que concerne ao “Elvis-The Concert?" na
Europa ou nos EUA? E quanto a América do Sul?
Joe:
Você sabe... não tenho certeza, eu sei apenas que estaremos
em breve indo para o Hawaii e Singapura. E eu sei que andam conversando
a respeito de voltar à Europa de novo em 2005, mas nada foi confirmado
até o momento. Com relação à América
do Sul, eu te digo, eu adoraria ir, seria muito sensacional, diferente,
divertido, explosivo! Mas uma coisa é certa: se nós fizermos
a América do Norte ou Europa ou até mesmo a América
do Sul, provavelmente nós faremos shows em cidades em que não
tocamos ainda. Cidades localizadas na Inglaterra, Bélgica, Holanda
talvez… Brasil é o maior foco de interesse para nós
quando falamos sobre América do Sul. Nós temos conversado
bastante sobre isso, é tudo que eu posso dizer.
Jacquie:
Qual é o concerto de Elvis tido como seu favorito?
Joe:
Eu daria um grande, enorme destaque aos Concertos no
Madison Square Garden. Elvis não havia estado em New York antes,
só nos anos 50. E no momento em que introduzimos “2001”,
muitos “flashes” foram disparados – e quando ele entrou
em cena, tinham tantos, mas tantos “flashes” sendo disparados
que a área construída estava totalmente iluminada, como
se estivesse acesa. E olha que o Madison Square Garden é enorme,
imenso! New York foi uma platéia fantástica, nós
adoramos tocar lá...
Mas o concerto “top” dentre todos eles é inquestionavelmente “Aloha from Hawaii”. Eu trouxe alguns músicos de Los Angeles, meus músicos principais de Vegas e disse a eles: “Senhores, eu espero que vocês tenham em mente - no momento em que eu começar a regê-los esta noite – que esta é a primeira vez que a música será transmitida ao vivo via satélite para o mundo inteiro!” Foi uma realização, um evento fantástico sem precedentes na história....mais de um bilhão de pessoas assistindo! Foi inacreditável, realmente.
Jacquie:
Sim, com certeza, Joe. Foi nesta noite que Elvis entrou em minha vida
para sempre - e eu tinha somente 5 anos…
Bem, mudando de assunto, qual é a história por trás daquela fantástica foto onde você e Elvis estão cada um respectivamente com seu dedo abaixo do olho?
Bem, mudando de assunto, qual é a história por trás daquela fantástica foto onde você e Elvis estão cada um respectivamente com seu dedo abaixo do olho?
Joe:
Ah, Deus…Você realmente quer ouvir sobre
isso? É uma velha piada, uma brincadeira. Tinha um cara que ia
ao zôo e lá tinha um macaco enorme - um gorila - por lá.
O cara tenta dar banana ao macaco, e o macaco continua vindo, tentando
agarrar a banana. Mas tinha um buraco, uma cova bem entre o macaco e
o cara com a banana. Então, quando o macaco vinha para agarrar
a banana, o cara tirava a banana de alcance e o macaco caía no
buraco. No segundo dia, o cara vem de novo com a banana.
O macaco consegue
agarrá-la, mas o cara foi mais rápido e retorna com a
banana e o macaco cai de novo no buraco. No dia seguinte, o cara vem
de novo com outra banana e ele quer dá-la ao macaco gorila. E
o macaco começa a andar agachado e pára, dá uma
volta em torno de si próprio e faz este gesto (com o dedo por
baixo do olho). Então o cara vai até um funcionário
do zôo e diz “Eu não entendo porque ele está
fazendo isto....” Então o funcionário explica que
na linguagem dos macacos isso quer dizer “Abre seu olho...”
(risos…) – Então é isso que a fotografia quer
dizer “Abre seu olho...!!!” Foi isso, esclareci tudo pessoal!
(risos…)
Jacquie:
(Risos…)
E quanto à fotografia aonde Elvis aparece “esganando”
você pelo pescoço?
Joe:
Eu sou italiano, toda minha família é
da Itália e todos nós tomamos lições de
músicos italianos. Isso foi uma coisa muito importante em minha
vida. E eis que de repente temos aqui então um cara que “toma”
a canção italiana chamada “O Sole Mio” que
eu cresci escutando e diz: esta canção se chama “It’s
Now Or Never”… Quando você é italiano, isto
não é muito legal…sabe? Eu disse a ele (Elvis):
“O que você está fazendo? Cante “O Sole Mio”
– esta é uma canção italiana…”
Então, numa noite após o show no Hilton, eu disse de novo:
“ Você está errado, cara, esta canção
é “O Sole Mio” e foi quando então ele me pegou
pelo pescoço, como se estivesse me enforcando.... Tinha uma moça,
fotógrafa, que registrou este momento e bateu a foto. Isto foi
em 1972. Ele tinha um grande senso de humor. A gente se divertia muito,
o tempo todo…
Jacquie:
Porque Elvis não fez mais músicas novas em 1976, 1977?
Joe:
Aqueles foram anos difíceis, duros. Nós
não ensaiávamos muito… O contrato com o Hotel Hilton
Las Vegas tinha terminado. Tente imaginar que, além disso tudo,
não havia muitas canções novas naqueles anos...
Esta é a razão.
Jacquie:
Quanto aos arranjos das músicas, Elvis contribuiu muito nos anos
70. O que quer dizer que ele teve opiniões e influências
sobre a escolha e o arranjo nas canções diferentes e etc...
Joe:
Sim, um monte de opiniões realmente, das quais em torno de 90%
eram muito corretas e faziam todo sentido. Mas quando a tentativa não
funcionava a contento, a gente jogava a tal versão de lado. Elvis
me dizia o que ele pensava: “Eu gostaria de tentar esta música
deste ou daquele jeito” ou “não, não é
isto…”
Era assim que nós trabalhávamos. Você
vê, o que aconteceu: nós começamos com um pequeno
grupo da minha Orquestra que veio de Vegas 4 dias antes da estréia
de nossa primeira turnê juntos. Ao todo tivemos 2 dias ensaiando
com o grupo pequeno de músicos e mais 2 dias no palco com a banda
de músicos. Se não conseguíssemos fazer a coisa
direito, a gente largava a tal versão de lado.
Jacquie:
Eu tenho notado quando escuto algum show de Elvis que
tenha sido gravado da audiência, o efeito constante de um sintetizador...
– você pode nos dar uma luz sobre isto?
Joe:
Espere um minuto. Você está falando sobre
“Elvis The Concert”?
Jacquie:
Não, não – os shows daquela época.
Joe:
O sintetizador nos anos 70… todas as vezes que David Briggs estava
com o grupo, nós tínhamos um sintetizador no palco. Por
acaso, eu trabalhei muitas vezes com David, fizemos e ainda fazemos
várias produções juntos, ele ainda é brilhante
no que faz, e também um amigo muito próximo a mim. Mas
esse era David Briggs naqueles tempos… Em “Elvis The Concert”,
o sintetizador que você escuta é de Ron Feuer que estava
no The Hilton quando fizemos shows de Elvis também, antes de
Briggs juntar-se a nós. Mas David tinha o sintetizador naqueles
tempos, um dos primeiros que surgiram no mercado.
Jacquie:
Joe, nós quase não o vemos se apresentando como “convidado
especial” nestes encontros “Elvísticos”, na
Elvis Week ou durante o ano em encontros promovidos por Fan Clubes.
Você gosta de falar sobre seus anos com Elvis?
Joe:
Eu não me importo em falar sobre Elvis e nossos tempos juntos.
Isto ocorre porque, você sabe, eu levo uma vida muito atribulada.
Trabalho com muitos outros artistas. Desde que as perguntas sobre Elvis
sejam respeitosas à memória dele, eu vou falar sobre Elvis
– porque não??? (risos...) Mas eu nunca escrevi um livro…
(risos…).
Jacquie:
E porque não?
Joe:
Bem, se eu escrevesse um livro, seria sobre outras coisas
também além de Elvis Presley. Eu fiz muito mais em minha
carreira do que “apenas Elvis”. Até hoje estou na
ativa, tenho um trabalho, uma carreira, uma história, você
entende...
Jacquie: Talvez algum dia mais tarde, quando você se aposentar? Algo como “As Memórias de Joe Guercio” ?
Joe:
Certo. Mas se eu fizer isto, o livro será super divertido, cheio
de coisas alegres, engraçadas. Vocês irão gostar!
Aconteceram mais coisas em termos de “bons tempos” do que
vocês provavelmente tenham lido. Nós tivemos tempos maravilhosos,
como crianças no Jardim de Infância. Adorávamos
brincar com brinquedos de velocidade, por exemplo. Nos divertíamos
muito e acho que foi também por isso que Elvis aguentou por 8
anos a louca agenda de shows que lhe impunham. Mesmo com a chegada das
doenças. Bom, isso é uma outra história e não
vou falar de coisas tristes no meu livro!
Jacquie:
Com qual tipo de música você tem trabalhado
agora? Em que projetos você está envolvido e – eles
seriam todos relacionados a Elvis?
Joe:
Joe Moscheo (membro original do “The Imperials”) e eu temos
uma empresa juntos. Joe era o pianista na estrutura original dos “The
Imperials” e acabou se tornando um dos executivos da BMI. Nós
produzimos um álbum chamado “The Gospel Side of Elvis”.
Foi pela primeira vez que The Stamps e The Imperials trabalharam juntos.
É um álbum duplo. Nós produzimos este álbum
e ele está indo muito bem nas vendagens. Além disso eu
estou com uma empresa chamada “HG Entertainment”. Estou
ainda muito atuante na indústria da música e eu curto
muito isso. Ano passado, a TCB Band e minha orquestra excursionamos
com Frank Michael. Foi muito proveitoso e nós fizemos um álbum
em estúdio com ele também.
Jacquie:
Porque você não faz um álbum instrumental
com a sua Orquestra?
Joe: Tão logo
alguém surja com o dinheiro necessário para esta produção,
eu farei! (risos…). Mas tem muitas coisas vinculadas a minha Orquestra
que você pode comprar... Eu trabalhei com Diana Ross, Nathalie
Cole, Gladys Knight, Barbra Streisand… E eu tenho curtido muito
trabalhar com esta Orquestra até os dias de hoje… Agora,
falando de Elvis - o espírito com essas pessoas ao redor, os
fãs..., é simplesmente fantástico. Quando temos
que fazer algum ensaio, o lugar está sempre “pegando fogo”
!
Jacquie:
Você sabe se Elvis fez canções em apresentações
e que não foram ainda lançadas?
Joe:
Bem, muitas canções que ele fez em shows
eu acho que elas nem foram gravadas.... “First Time Ever I Saw
Your Face”, eu sei que ele fez esta canção durante
uma apresentação e eu não acho que a mesma tenha
sido sequer lançada. Ou a canção de Olívia
Newton John “If you love me let me know”, não foi
lançada ainda, é isso?
Jacquie: Ah sim, foi lançada
e está no álbum do “Elvis In Concert” só
para começar....
Joe:
Ops, está certo…
Jacquie:
Suponha que Elvis ainda estivesse vivo, que tipo de canções
ele estaria fazendo atualmente?
Joe:
Bom, de uma coisa tenho certeza, ele não estaria
fazendo “hip-hop” (risos...) Acho que seria no estilo de
canções que Barry Manilow fez, Elton John… Eu sempre
quis tanto que ele gravasse “Don’t let the Sun Go Down on
Me”, a canção que acabou gravada por Elton John.
Ele poderia ter cantado esta música de forma sem igual. Mas acho
que é onde ele estaria hoje: cantando grandes baladas românticas....
Ele já estava legitimamente caminhando nesta direção,
entende, inclusive adorava ópera. Um de seus artistas favoritos
era Mario
Lanza. De fato, ambos foram contratados da RCA durante a mesma época.
Essas influências em Elvis fizeram com que tivéssemos chance
de vê-lo cantar belíssimas versões de “Hurt”,
“Unchained Melody”, “How Great Thou art” etc...
porque ele gostava desse tipo de canção. Esta é
a melhor forma como posso responder a esta questão.
Jacquie: Depois de ter
estado com Elvis “on tour” por tantos anos, você realmente
acha que ele era um sujeito solitário?
Joe: Receio que sim, Jacquie…
Ele tinha um grande senso de humor e de repente ele ficava profundamente
triste, pensativo, longe… Não sei como te explicar mas
Elvis era muito solitário mesmo com tanta gente ao redor dele…
As ocasiões em que eu tinha plena certeza de que ele estava de
fato feliz, tal qual uma criança, era quando ele tinha a pequena
Lisa por perto dele e quando ele estava próximo aos seus fãs.
Jacquie:
O último show de Elvis em Indianapolis no dia 26/06/1977 –
será lançado algum dia, até aonde você saiba?
Joe:
Não tenho idéia. Eu não controlo a BMG
(risos…) Eu sequer saberia te dizer se eles gravaram o show. Devem
ter gravado sim. Eu sei que Bill Porter (da equipe de produção
dos shows de Elvis) fez a sua própria gravação,
então o show deve ser oficialmente lançado em algum momento.
Eu não sei....
Jacquie:
Porque Elvis não foi a Europa e a nenhum outro lugar exceto Canadá?
Joe:
Todo mundo diz que é por causa do Colonel, mas eu não
sei. Não tenho idéia. Eu sei que nós nunca falamos
sobre isso, nunca foi tema de conversa. Tom Diskin costumava brincar
dizendo “Vamos lá pessoal, nós estamos indo para
a Europa fazer um “tour” e nós tocaremos em cidades
como “Paris Tennessee”, “Roma New York”... –
era cômico! Bom, para aqueles que nunca tiveram a oportunidade
de ver o “The Concert”: O Concerto com os telões
é exatamente como eram os shows. O sentimento com o “The
Concert” é exatamente o sentimento que tínhamos
quando nós trabalhávamos com ele. O “feeling”
é impressionante.
A energia emanada ao redor é inacreditável.
Eu coloco os “head sets” todas as noites em que temos shows
e não dá para te explicar...É como estar
vivendo tudo aquilo de novo – com ele ao redor. É vibrante
e é porque nós temos os caras do TCB Band, the Sweets,
the Stamps ou the Imperials. Quando nós fizemos a remontagem
dos shows, nós não havíamos estado juntos em um
palco por quase 20 anos. A primeira vez que o “The Concert”
foi aos palcos, foi como se nós tivéssemos encerrado uma
temporada 2 dias atrás em Cleveland... Nós corremos, pulamos
e vibramos durante todo o show sem parar – até começar
a canção “Bridge over troubled water” e então
as meninas ficaram emocionadas, com a voz embargada e nós então
fizemos um intervalo de 10 minutos.
Jacquie:
Bem Joe…estas respostas atendem aos questionamentos feitos e que
eu tinha em mente na hora em que você me ligou.... Muito Obrigada
pelo seu tempo, sua ajuda neste projeto e pela sua música também!
Joe:
O prazer é todo meu, pode acreditar.
Fonte:elvispreselyfcbrazil.com.br
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