sexta-feira, 1 de abril de 2011
Elvis e a Imprensa Marrom
Olhando para trás, tudo isso parece tão inocente, mas Elvis apareceu em cena na época em que o rock 'n' roll estava surgindo sob fogo cerrado na imprensa popular. A controvérsia centrada no meio desse novo estilo de música associando a juventude à sexo e crimes, durante a primavera e verão de 1956, muitas revistas publicaram artigos que apontavam uma ligação entre o rock 'n' roll e a delinqüência juvenil.
Ao mesmo tempo, Elvis era freqüentemente tratado com destaque nessas mesmas revistas em artigos que sensacionalizaram o efeito do estilo sensual de sua performance nas adolescentes. As manchetes ressoaram "o acúmulo do impacto de fãs, modismo - e medo", enquanto histórias manipuladas declararam seu "fogo sex-hot" como sendo inextinguível. Isso não demorou a causar um grande salto na imaginação de jornalistas, revisores e críticos a relacionar a aparência pessoal e o estilo sensual de perfomance com a decadência do rock 'n' roll e os horrores da delinqüência juvenil.
Quando a imprensa popular não estava criticando abertamente Elvis, ela o ridicularizava. Apesar do fato de que sua música era identificada com o rock 'n' roll, jornalistas e repórteres freqüentemente se referiam a ele caluniosamente como um "cantor caipira." Ele era maldito por causa de seu sotaque sulista, suas roupas espalhafatosas, suas costeletas longas e seu topete tão fortemente carregado com goma que seu cabelo loiro parecia preto.
O último em particular parecia elevar a ira da imprensa e do púbico de opinião semelhante. Nunca anteriormente um corte de cabelo de um artista foi tema de tanta atenção; o estilo de corte de Elvis foi criticado por causa de seu comprimento, o uso de goma e o fato de tantos adolescentes o imitarem.
A despeito da predominância de histórias negativas sobre Elvis na imprensa, outro tipo de publicidade começou a emergir devagar, mas certo. Este novo modelo de publicidade apresentou um Elvis Presley diferente, uma pessoa que era contraditória à figura influente que havia causado tanta controvérsia. Este lado mais gentil da imagem do cantor surgiu para ser conhecida na literatura e lenda sobre Elvis como o "outro Elvis" ou "Elvis bom."
O "outro Elvis" tornou-se público em 1° de julho de 1956, no programa de entrevistas de televisão, Hy Gardner Calling. O programa consistia em uma ligação feita pelo colunista sindicalizado Gardner a uma ou duas celebridades a cada semana. Uma técnica de split-screen permitia aos espectadores assistir a Gardner e a celebridade enquanto conversavam ao telefone.
O episódio apresentando Elvis deu ao jovem cantor uma oportunidade de banir alguns dos rumores viciosos que estavam circulando sobre ele, incluindo um cujo teor dizia que ele fumava maconha freqüentemente para alcançar o estado frenético necessário para o seu estilo de performance e outro atestando que ele uma vez havia atirado em sua mãe. Os espectadores viram um Elvis de volta à Terra, que expressou estar experimentando uma confusão sobre a enormidade de seu sucesso.
Histórias sobre a estreita ligação de Elvis com seus pais começaram a aparecer impressas. O fato de que ele não fumava ou bebia era posto fora em alguns artigos. Elvis era conhecido por ser educado durante as entrevistas, referindo-se aos seus pais como "senhor" ou "mamãe." Coronel Parker destacou os fortes sentimentos de Elvis a respeito do auxílio às pessoas menos afortunadas e o reservou para muitas ações beneficentes, incluindo aquelas para a American Cancer Society e a March of Dimes.
Ainda, publicações elogiaram o cantor Pat Boone como um ídolo adolescente com o cabelo mais cortado - por conseguinte mais apropriado - que Elvis Presley. Parker então tentou fazer Elvis parecer mais saudável colocando seu nome e foto em uma linha de produtos infantis. O coronel fechou um contrato com o extraordinário produtor Hank Saperstein para comercializar Elvis através dos mesmos parâmetros que seus outros clientes famosos, que incluíam Wyatt Earp, o Lone Ranger e Lassie. Toda criança no país poderia encontrar esses heróis totalmente americanos, de caixas de lanche a camisas.
O coronel desejava que eles encontrassem a imagem de Elvis igualmente em tais produtos. Além da linha usual de itens infantis, as garotas podiam comprar batons do Elvis Presley nas cores Laranja Hound Dog, Vermelho Tutti Frutti e Rosa Heartbreak. Elas também podiam comprar charmosas pulseiras do Elvis Presley para usar. Parker explorou esta "outra imagem de Elvis" para opôr o retrato de Elvis como um roqueiro hedonista e aproximar o ídolo da respeitabilidade.
Repórteres da imprensa dominante selaram Elvis com o que eles acharam ser um apelido mais sagaz, "Elvis the Pelvis" - um nome que o jovem cantor sério despistou. No programa de entrevistas da televisão de Hy Gardner, Elvis queixou-se, "Eu não gosto de ser chamado de Elvis the Pelvis - Quero dizer que ela é uma das mais infantis expressões que eu já ouvi desde que virei adulto." Referindo-se aos seus quadris giratórios, o apelido se tornou um código para as acusações de mau gosto que perseguiu Elvis durante esse período. O coronel esperou apagar "Elvis the Pelvis" da consciência do público exibindo o "outro Elvis" constantemente.
Outro passo na transformação de Elvis ocorreu com a mudança de sua carreira para os filmes de Hollywood. Durante os anos de 1956 a 1958, quatro filmes estrelados por Elvis Presley foram feitos para audiências entusiasmadas. Os filmes transformaram Elvis the Pelvis em Elvis the Rebel, uma mudança sutil, mas significativa. Como o mais novo rebelde de Hollywood, Elvis sentiu-se à vontade como uma pessoa mais reconhecida, já aceitável por Marlon Brando e James Dean.
Fonte:howstuffworks
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