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sexta-feira, 19 de abril de 2013

Entrevista nos Estúdios da Fox





Local: Estúdio da 20th Century-Fox, Hollywood, Califórnia



Conteúdo:


Sobre o “Criticismo” 

Sobre o “Espectáculo”

Com que Então, Nunca Estou Nervoso, Hein

A Minha Pequena Especial

O Quê, Não Tive Lições de Canto?

O Livro de Recortes Verde

A Minha Maior Ambição

As Minhas Costeletas

A Minha Verdadeira Religião

Será que Mudei?

Vou Representar como Quem?

Será que Sei Mesmo Tocar Guitarra?

Será que Digo Mesmo Todas Aquelas Coisas?

Sobre Parques de Diversão

Porque Motivo Canto como Canto?

E Agora, que Mais Posso Dizer?

Mudança de Morada

 






Olá! Aqui é o Elvis Presley! Bem, finalmente estou tendo a oportunidade de me sentar e falar convosco, para falar à vontade e dizer-vos tudo o que tenho no pensamento. Já há muito tempo que andava a querer falar-vos de mim. E agora que tenho a oportunidade de vos falar directamente, espero que não se importem se desabafar um pouco sobre algumas coisas. Coisas que acho que vão entender, muito embora saiba que muita gente não entende. Quero dizer-vos à minha maneira e com as minhas palavras porque motivo faço as coisas que faço e porque me sinto da forma que sinto. E sei que se me pudesse sentar sozinho convosco algures, se pudesse falar convosco de forma pessoal, me entenderiam.
 

É por isso que fiz o disco dourado para a capa desta revista. Na indústria discográfica, dar um disco de ouro tem um significado especial. É como se fosse um anel de noivado ou um carro novo ou ainda mil dólares. Não damos estas coisas a toda a gente. Quando damos um disco de ouro a alguém, está a dizer-se, “Isto é algo muito importante para mim, algo muito especial… de mim para ti.” E é assim que me sinto em relação a este disco da revista. E é por isso que é dourado. E foi por isso que o quis fazer assim. Porque quis, acima de tudo, de ter uma oportunidade de me juntar a vocês!

 

Um dos maiores divertimentos que tive na vida foi fazer este disco dourado especial para vocês. Quis que dissesse exactamente como me sinto e ouvi-o vezes sem conta, entanto certificar-me que saía mesmo bem. Sabem, uma das coisas que escrevem sobre mim é que tento fazer tudo de forma perfeita. Talvez às vezes me esforce demasiado. Mas eles têm razão. Sinto que tenho de fazer o meu melhor, seja o que for. E aposto que vocês também se sentem assim.








 

Sobre o “Criticismo”

 

Quando comecei a actuar ao vivo nas primeiras vezes, toda a gente se sentia feliz. Todos os pequenos vinham e divertiam-se, libertando imensa energia, sem ninguém se magoar. Foi assim durante mais ou menos dois anos. Continuei a cantar as canções que as pessoas gostavam e continuei a fazer o que sempre tinha feito sobre o palco.

 

Mas durante os últimos seis ou sete meses, tenho recebido criticismo por parte de muitas pessoas por “me perder” nas minhas actuações, por cantar da forma que canto sobre o palco. Não consigo realmente entender. É a única coisa que posso dizer, é a única explicação que tenho.


Tenho estado a fazer o mesmo desde que comecei a cantar ao vivo, durante pelo menos dois anos e meio, até agora. E tem sido apenas durante os últimos meses que tenho sentido o criticismo. Por isso calculo que seja porque os meus discos ficaram mais conhecidos. Calculo que quanto mais famoso se é, mas criticismo se recebe. Se ainda estivesse a actuar num Festival de Música qualquer em Memphis, ninguém se iria importar com o que eu fazia ou cantava. Mas agora, como conheço cada vez mais pessoas e canto cada vez em mais sítios com mais frequência, é uma história diferente.

 

Mas posso dizer-vos isto. Não faço quaisquer esquemas de movimentos para as canções que canto, como já ouvi algumas pessoas dizer. Canto como canto e ajo como ajo porque para mim é natural fazê-lo enquanto canto. Não o faria se achasse que não era a coisa mais adequada de se fazer, ou se achasse que prejudicava alguém com isso. Se achasse isso, fazia as malas, voltava para casa e nunca mais cantaria uma única nota.






 

Sobre o “Espectáculo”

 

E há também outra coisa, que acho que as pessoas deviam tentar aperceber-se. Há uma grande diferença entre cantar num disco e cantar para um público. As pessoas podem ficar em casa e ouvir os seus discos ou a ouvir rádio, que não lhes custa nada. Mas quando pagam do seu dinheiro para vir ver alguém numa actuação ao vivo, estas pessoas querem ver um espectáculo.

 Pagam do seu dinheiro para ver algo com vida, não apenas ouvir o que ouvem num disco. Se eu ficasse parado à frente de um público e não fizesse mais nada para além de cantar, estaria a agir mal. Não me divertiria, nem seria capaz de me divertir se fizesse isso. E o público iria aperceber-se disso. Iam sentir que não estava a gostar do que estava a fazer e não voltariam para me vir ver da próxima vez.



Com que Então, Nunca Estou Nervoso, Heim?
 

Uma das coisas que dizem sobre mim é que nunca estou nervoso. Dizem que não me preocupo com nada e dizem que durmo entre oito a dez horas de sono por noite. Quem me dera que tivessem razão.

 

Mas não têm. Sempre fui nervoso, toda a minha vida. E agora, que estou sempre a actuar ao vivo, fico com tanta energia que não sou capaz de me descontrair. Depois de um espectáculo vou para o meu quarto de hotel e vou para a cama para tentar dormir. Mas vocês sabem como é difícil, tentar dormir num quarto e numa cama estranhos longe de casa, principalmente quando se está tão nervoso e eléctrico. 

Vou para a cama de noite, fecho os olhos e fico para ali deitado. E depois começo a dar voltas. E reviravoltas. E passam-se duas horas nisto e não consigo dormir nada. Dizem que aprendemos a descontrair conforme vamos ficando mais velhos. Espero que tenham razão.

Não consigo evitar. Às vezes sinto-me inquieto. Não sei o que é. Talvez seja porque nunca estive tanto longe de casa, dos meus familiares e dos meus amigos durante tanto tempo. Não sei. Mas é uma sensação estranha. Uma sensação de solidão. Acho que toda a gente já sentiu isso a um dado momento na vida.

 

Gosto do sol, do ar livre e de nadar. Mas tenho de ter cuidado com o cloro, pois sou alérgico. É por isso que não utilizamos cloro na piscina que mandámos construir lá em casa. Os miúdos da vizinhança adoram a piscina. Estão sempre a aparecer lá por casa. E a mãe, a minha rapariga preferida, também está a aprender a nadar.







 

A Minha Pequena Especial

 

Sei o que têm lido sobre aquela pequena especial” que eu tenho lá em casa, em Memphis. Leram que andamos juntos durante a escola secundária e que já namoramos seriamente durante os últimos três anos. Eu sei. Também já li coisas sobre ela. Mas isso é a única coisa que sei a seu respeito, porque para vos dizer a pura verdade, não tenho uma miúda especial. 

Nem agora, nem nunca. Nunca saí com uma rapariga durante três semanas, ou três meses, seguidos, quanto mais três anos. E agora, com todas as viagens que faço e o trabalho que tenho, não tenho muito tempo para namorar. Claro que gostava, mas não tenho mesmo tempo. 

Quando de vez em quando volto para casa, em Memphis, é mais fácil para mim sair com raparigas porque ainda conheço muitas raparigas com quem andei na escola. Mas nunca namorei seriamente com nenhuma delas. Sempre nos divertimos muito todos juntos e é tudo o que tenho a dizer sobre qualquer “miúda especial”.

 

Talvez nem sempre venha a ser assim. Espero que não.

 

Sim, telefono aos meus pais em Memphis com muita frequência. Quase todos os dias. Mas gosto de saber como estão e como estão as coisas. E não tenho muito tempo para escrever, por isso prefiro telefonar. Sabe mesmo bem ouvir as suas vozes. Às vezes faz-me sentir um bocadinho saudades de casa.

 

Não sou um solitário, acho que não. Mas tenho de admitir. Por vezes gosto de me afastar sozinho. Sabem como é. Ir sozinho para qualquer lado. Sem multidões, sem nada. Onde só haja sossego. E silêncio. E possa pensar.

 








O Quê, Não Tive Lições de Canto?

 

Não. Nunca tive uma lição de canto na minha vida. De facto, nunca tive qualquer lição ligada a música. Comecei a cantar quando era miúdo, como vos contei, e é o que tenho feito desde então. Tinha 11 anos de idade quando me apresentei à frente de um público a sério pela primeira vez. Foi numa feira na cidade onde nasci, Tupelo, no Mississippi.

 Eu tremia que nem varas verdes, mas estava determinado a cantar e nada neste mundo me teria feito impedir de avançar e entrar no concurso de talentos da feira. Fiz tudo sozinho e não tinha ideia nenhuma do que devia fazer quando me vi à frente daquela gente toda. Só o que tinha na cabeça é que tinha de cantar.

 

Não tinha nenhuma música ou acompanhamento comigo e não consegui arranjar ninguém para tocar um instrumento para mim. Eu não sabia tocar nada na altura. Então limitei-me a ir para o palco e a cantar. Cantei uma canção chamada Old Shep, que conta a história de um cão e sei que devem ter sentido pena de mim porque me deram o quinto prémio e toda a gente me aplaudiu com muita simpatia. Caramba, mas digo-vos que estava realmente assustado e a tremer por todos os lados. Mas também me senti bem. Era a primeira vez que tinha pisado um palco.

Depois um dia vi um artigo sobre mim que dizia que eu não era muito bom cantor. Recortei esse e enviei-o à minha mãe e ela escreveu-me de volta a dizer que não queria encher o meu livro com coisas assim. Mas escrevi-lhe também e disse-lhe, “Mãe, qualquer pessoa pode encher um livro de recortes com coisas boas.

 Mas para que pode servir? Gostava de saber as coisas que as pessoas não gostam em particular a meu respeito para as poder analisar e tentar melhorar, se puder.” E foi assim que O Livro de Recortes Verde nasceu. Tenho muitas páginas cheias e muitas ainda estão vazias, mas vou dizer-vos outra coisa. Sempre que vou para casa, em Memphis, pego nesse livro e estudo-o. Já sei quase todas as coisas de cor e vou sempre tentar dar o meu máximo para melhorar sempre que possa.










 

A Minha Maior Ambição

 

Sei que tive sorte sob muitas formas. Mas acho que a coisa mais afortunada que já me aconteceu foi começar a realizar a minha maior ambição.

 

Toda a minha vida, sempre quis ser actor, muito embora nunca tivesse participado em peças de teatro na escola ou recitado qualquer excerto de peças senão Gettysburg Address para a minha turma do sexto ano. Mas lá bem no fundinho da minha mente sempre esteve a ideia de um dia, de qualquer maneira, poder ter a oportunidade de representar.

 

Vim para Hollywood há quase três meses atrás e o Sr. Hal Wallis da Paramount Pictures pediu-me para fazer um teste cinematográfico. Agarrei logo a oportunidade. Lá fui eu fazer o teste e o Sr. Wallis disse-me para não me preocupar em tentar representar como John Barrymore ou outro qualquer. Disse-me para actuar como eu mesmo. Estudei o que queriam que fizesse e antes de me ter apercebido, estava em frente de uma câmara.

 Interrogo-me se alguma vez irão poder saber o que é estar num palco de som cinematográfico e ouvir uma campainha tocar e toda a gente gritar, “Silêncio” e, de súbito, aperceberem-se que toda a gente está a olhar para vocês e é suposto vocês representarem um papel. Digo-vos uma coisa, é suficiente para sentir as pernas a falhar.


Sempre que fico nervoso, gaguejo um bocadinho. Tenho dificuldades em dizer “when” (quando) ou “where” (onde) ou quaisquer outras palavras que comecem pela letra “w” ou “i”. Bem, posso dizer-vos que tive muitos problemas com imensos w’s e i’s naquele dia.

 

Quando o teste acabou, pensava que tinha sido horrível. Mas o Sr. Wallis veio ter comigo e disse-me que coisas como eu falhar algumas letras de algumas palavras, ou gaguejar, na arte de representação, são na realidade, bem vindas… pois faz com que o desempenho pareça mais natural. 

Eu sorri e agradeci-lhe, mas podem apostar que não lhe disse nada que não tinha gaguejado de propósito! Se aquilo era natural, o que eu tinha feito, e eles estavam satisfeitos com o resultado final, então era óptimo para mim. E também foi um alívio. O meu teste cinematográfico tinha chegado ao fim. Tinha ultrapassado o primeiro passo para realizar a ambição da minha vida.







 

As Minhas Costeletas

 

Já ouvi tantas histórias sobre o motivo de ter começado a deixar crescer costeletas que às vezes não consigo evitar de me rir. Uma revista dizia, “… começou a usar costeletas aos 15 anos porque o faziam sentir-se maduro e importante. Ainda as usa pelos mesmos motivos…”


Caramba, aquela revista fez-me rir porque não havia nada de verdade nas coisas que disseram. Que diabo, não poderia ter começado a deixar crescer costeletas aos 15 anos, mesmo que quisesse! Nessa altura nem sequer fazia a barba! Tinha 17 anos quando comecei a deixar crescê-las. E por certo que não me fizeram sentir “maduro e importante” quando começaram a crescer. 

Deixei-as crescer por um único motivo… porque sempre as admirei. Nunca achei que me fizessem parecer mais velho e certamente que nunca achei que me faziam parecer importante. Nada disso. Só gosto delas, apenas isso. E é por isso que as uso. Muitas pessoas já me perguntaram porque é que não as rapo agora. Mas sabem o que lhes digo? 

Digo-lhes que comecei neste negócio com costeletas e sou daquele tipo de pessoa que não gosta de mudar de cavalo quando já vai a meio do rio. Todos os meus amigos gostaram de mim com as costeletas, por isso não vejo nenhum motivo porque deva raspá-las. E, oh, sim, também há outra coisa. Ainda continuo a admirá-las muito, da mesma forma que admirava em criança.

 

Também me perguntam porque uso as roupas que uso. Que posso eu dizer? Gosto de roupas bonitas, é só isso. Também gosto de cores. Há algum mal nisso?









 

A Minha Verdadeira Religião

 

No outro dia, li isto: “… Presley começou por cantar num coro de igreja, mas a fama fê-lo esquecer-se totalmente da religião…”

 

Sentei-me logo e recortei isso do jornal, pus dentro de um envelope e mandei-o para a minha mãe pôr no livro de recortes. Já estava à espera que viessem dizer coisas desse género. De que eu não era religioso. Refiro-me a isso. Mas esta era a primeira vez que via isso ser referido.

 

Bem, não tenho exactamente a certeza o que querem dizer com “religioso” nesse artigo, mas posso dizer-vos algumas coisas. Não acho que tenham razão quando dizem coisas assim. Não, já não vou à igreja com a frequência com que costumava, se é isso que querem dizer quando falam em “religioso”. 

Por andar sempre em digressão e a viajar a toda a hora em que não estou a trabalhar, nunca posso ter a certeza de quando vou ter um Domingo livre para mim. Quem me dera poder ter, tal como também gostaria de estar mais tempo com os meus pais, mas não posso. Por isso, se acham que ser religioso é ir à igreja com regularidade, então calculo que não encaixo naquilo que querem.

 

Mas queria que soubessem uma coisa. Acredito em Deus, acredito Nele com todo o meu coração. Acredito que todas as coisas boas vêm de Deus. E isso inclui todas as coisas boas que me têm acontecido a mim e à minha família.

 E a forma como me sinto em relação a isto, ser religioso significa que se ama Deus e que se está grato por tudo o que Ele deu, e que se quer trabalhar para Ele. Sinto tudo o que estou aqui a dizer, do fundo do meu coração. E rezo para que, caso esteja errado em me sentir assim, que Deus me diga. Porque tudo o que de bom me aconteceu, eu devo-Lhe a Ele.







 

Será que Mudei?

 

Acho que toda a gente se interroga como seria se um dia se apresentasse perante um público e ficasse bastante famoso. Lembro-me que costumava pensar nisso, quando andava a conduzir um camião em Memphis. 

Sonhava sobre ser um sucesso e interrogava-me como a minha vida mudaria se isso algum dia viesse a acontecer. Bem, posso dizer-vos como me sinto agora. Não me sinto em nada diferente de como me sentia antes de tudo isto ter acontecido. Sou como sempre fui.

 

Claro, calculo que toda a gente diga isto. E muito embora o digam, há muita gente que muda na mesma, sem sequer se aperceber. Mas na realidade, tenho a certeza que não mudei. Nunca senti nenhuma mudança. Sinto-me agora como me sentia há cinco ou dez anos atrás. A única diferença que senti desde então é felicidade, porque tudo ficou melhor para mim… que Deus me tenha abençoado e que me tenha dado tantas das coisas boas e maravilhosas da vida. 

Espero que eu não venha a mudar. Espero nunca me vir a tornar como algumas pessoas que já vi, que se esquecem que nunca poderia ser bem sucedidas ou felizes sem a ajuda de Deus. E desejo, muito sinceramente, que toda a gente pudesse conhecer o mesmo tipo de felicidade que conheci, devido a tudo isto. É isso que mais desejo, do fundo do meu coração.









 

Vou Representar como Quem?

 

Têm saído muitos artigos ultimamente a dizer que eu ia imitar ou copiar o falecido James Dean. Bem, quero esclarecer as coisas em relação a isso.

 

Tal como já vos disse em relação à forma como canto, não quero copiar ninguém. E o mesmo se aplica à minha forma de representar. Sempre fui um grande admirador de James Dean. Acho que era um dos melhores actores que já vi na vida. Ele e Marlon Brando, e muitos outros que poderia referir. 

Mas não vou tentar copiar ninguém. Estou a tentar ser eu mesmo na forma como represento, com o meu próprio nome e o meu próprio estilo. Claro que um dia adoraria vir a ser apenas metade do bom actor que James Dean foi. Foi o maior. Mas não vou tentar imitá-lo. Sei que não conseguiria, mesmo que tentasse.

E há outra coisa. Há uma revista que há cerca de um mês já me tinha a representar o papel da história de vida de James Dean no ecrã e tudo. Bem, não vou fazê-lo. Seria um grande privilégio ser suficientemente bom para representar o papel de James Dean na história da sua vida, mas certamente que isso não está a ser planeado para agora. Só o que espero é que eu possa trabalhar como actor de uma forma que vos faça sentir orgulho em mim. E quero que saibam que vou estar sempre a tentar dar o meu melhor.

 

Deixem-me contar-vos uma coisa sobre Hollywood. É realmente um sítio espectacular. Pelo menos, já me diverti muito. Acabei de terminar o meu primeiro filme para a 20th Century-Fox, chamado Love Me Tender, e sabem? Foi o maior divertimento da minha vida. Fazer filmes é, bem, não sei exactamente como descrever, excepto que é diferente. É algo que sempre quis fazer. E só espero que gostem de mim no grande ecrã já que certamente que eu gosto de fazer filmes para vocês.






 

Será que Sei Mesmo Tocar Guitarra?

 

Tem havido outro rumor que, para mim, tem sido divertido. Li numa revista que não sei tocar uma única nota de guitarra e li noutra, na mesma semana, que sou o melhor guitarrista do mundo. Bem, ambas as histórias estão erradas.

 

Nunca tive nenhumas lições de música, como já vos disse. Mas sempre gostei de música de todos os tipos e de instrumentos musicais. O meu pai comprou-me uma guitarra de loja quando era ainda muito novo. Aprendi a tocar uns acordes nela, mas não tentei ser nada de muito elaborado. Sei tocar guitarra bastante bem e sei também seguir uma melodia se estiver atento. Mas nunca ganhei nenhuns prémios a tocar guitarra, nem nunca vou ganhar.

 

Quando subi ao palco durante a minha primeira apresentação pessoal, naturalmente que levei a minha guitarra comigo, para me fazer companhia. Utilizei-a como adereço, ou qualquer outra coisa que lhe possam querer chamar. Para mim, naquela primeira actuação ao vivo, foi a melhor amiga que podia ter porque me fez companhia e eu soube que não ia estar para ali sozinho, a fazer figura de parvo. 

E continuei sempre a levá-la comigo. Agora até tenho uma nova, um presente para mim mesmo, que tem o meu nome gravado nela. Há sempre outro rapaz na banda que toca a maior parte das partes de guitarra. E se observarem com muita atenção numa próxima actuação, verão como funciona. Ele segue os meus movimentos e toca os acordes mesmo na altura certa.

Mas claro que é natural que, ao longo dos anos, eu tenha vindo a experimentar outros instrumentos. Gosto de bateria e gostava mesmo de vir a ter aulas desse instrumento um dia. Agora só toco bateria por divertimento e às vezes até parece que sei o que estou a fazer. Também gosto de piano, se bem que não ache que toque exactamente como deve ser. Limito-me a carregar nas teclas que me parecem/soam bem.

 É muito divertido e às vezes toco enquanto canto. Mas nunca ao vivo ou num disco. Não sou assim tão bom. Comprei um órgão electrónico à minha mãe, que agora temos na nossa casa de Memphis. Toda a família vai lá tocar e acho que é a coisa mais fácil de tocar no mundo. Também tem um bom som, quando se está com a disposição de fazer experiências.

 

Talvez um dia eu venha a aprender a tocar melhor alguns destes instrumentos. Mas por enquanto, ando a experimentar todos os tipos de instrumentos. Como já disse antes, faço isto porque, de tudo o que conheço, a música é o que gosto mais na vida.






 

Será que Digo Mesmo Todas Aquelas Coisas?

 

Não estou só a falar dos rumores. Falo das coisas que eles afirmam que eu disse e que às vezes me deitam mesmo abaixo. Não sei porque motivo as pessoas dizem que eu digo coisas que nunca disse, mas é o que acontece por vezes. E fartam-se de falar sobre como os adolescentes de hoje são tão diferentes e tudo o mais. Vou falar com franqueza. Não consigo entender.

 

E sabem uma coisa? Lamento muito que estas pessoas que tentam pôr palavras na minha boca e tiram as suas conclusões quando me vêem sobre o palco não tentem, em vez disso, entender os miúdos da nossa idade. Lamento que eles não tentem entender que temos imensa energia e que temos de fazer alguma coisa com ela.

 E se nos mantemos unidos, o principal motivo para isso, é que nos entendemos mutuamente. Assim, podemos ajudar-nos a trabalhar alguma desta energia ao partilhar o que sentimos uns com os outros. Será que isto que fazemos é algo errado? Não consigo acreditar que seja. E aposto que se as pessoas que nos criticam tentassem apenas entender, também não iriam sentir que somos assim tão maus.

 

Mas digo-vos outra coisa. Acho que não importa o quanto possamos tentar ser justos e bons com as pessoas, vai sempre haver alguém que vai inventar histórias, façamos o que façamos.

 

Um fulano escreveu numa revista que ele sabia um “segredo” a meu respeito. O seu artigo dizia, “… O segredo de Presley? É simples. É famoso porque faz aquele espalhafato sobre o palco. Sem as suas contorções, não teria qualquer oportunidade no mundo da música.” Interrogo-me sobre o que este homem teria a dizer se lhe dissesse que a maior parte dos meus discos foram comprados por pessoas que nunca me viram em pessoa nas suas vidas!


 

Sobre Parques de Diversão

 

Claro que gosto de parques de diversão. Gosto bastante. E gosto de ganhar pandas e todas essas coisas. É quase a única descontracção que tenho quando ando em digressão. Isso e ir ao cinema. E se me perguntarem sobre a comida, dêm-me comida caseira. A minha boca enche-se de água só de pensar nos pequenos-almoços da mãe, de bacon com ovos. Farto-me de os comer quando chego a casa!

 




Porque Motivo Canto como Canto?

 

Toda a gente me pergunta: Porque motivo canto como canto? Sei tão bem como vocês o que algumas pessoas andam a dizer. Não sou surdo. E oiço as mesmas coisas que vocês. Elas não gostam de dançar. Não gostam de música western. Não gostam de rock and roll. E não gostam de mim.

 

Bem, a minha mãe ensinou-me uma coisa desde bem pequenino e que é que toda a gente tem direito a ter a sua opinião. Acredito nisso. E também acredito que não podemos fazer os outros gostar de nós, independentemente do que possamos fazer.

 

Não consigo explicar. Não consigo explicar o que acontece quando a música começa. Mas acho que sei. Acho que vocês sabem o que é ficar completamente envolvidos com algo, que nos perdemos. E isso é o que cantar e a música me faz a mim. Envolve-me. Faz-me esquecer de tudo o resto, excepto o ritmo e o som. Diz-me mais do que qualquer outra coisa que já conheci na vida e como é bom, maravilhoso apenas estar vivo.

 

Já canto como canto desde que me lembro. Não sei que estilo lhe dar ou o que lhe chamar. Só sei que canto como canto porque para mim é algo natural.

 

Muitas pessoas me perguntam, “Andas a tentar imitar alguém, na forma como cantas?” Só lhes posso dizer o que sinceramente sei do fundo do meu coração. Nunca tentei imitar ninguém.

 

Uma rapariga disse-me que eu a fazia lembrar Johnny Ray, mas ri-me e disse-lhe que não puxo os cabelos nem me rebolo no chão ou algo assim. E nunca tive essa intenção. Não, nunca copiei ninguém e também nunca ouvi ninguém com o meu estilo. Encontrei-o mais ou menos acidentalmente.

 





Quando fui chamado para gravar o meu primeiro disco, fui para o estúdio e disseram-me o que queriam que cantasse e como. Bem, tentei fazer as coisas à maneira deles, mas não saiu lá muito bem. E então, enquanto a maior parte deles estavam sentados a descansar, dois de nós começámos a brincar com That’s All Right, uma excelente canção com ritmo.


 Era suposto estarmos a descansar durante dez minutos, por isso aquilo saiu naturalmente. E também saiu bastante bem, pois o Sr. (Sam) Phillips, o homem que era proprietário do estúdio, disse para eu avançar e cantar todas as canções à minha maneira, da forma que sabia melhor. Tentámos e tudo correu muito melhor. Decidiram gravar em disco That’s All Right, e colocaram Blue Moon of Kentucky no lado B.

 

Esse foi o meu primeiro disco. Nunca vou esquecer. Mais tarde, como provavelmente devem saber, houve muito falatório sobre as “estremecedelas” que acompanham os meus espectáculos. Também vos quero contar como isso começou.

 

Quando o Sr. Phillips me chamou para fazer aquele primeiro disco, fui para o estúdio e comecei a cantar. Contam eles que também comecei a saltar e nem me apercebi. As minhas pernas estremeciam todas, mais por estar nervoso e excitado, mas também porque sinto mais a música quando me dou liberdade para me mover. 

 Depois do terceiro ensaio, Scotty Moore, o guitarrista da banda, veio ter comigo e disse, “Ainda estás assustado, Elvis? Tremes por todos os lados enquanto cantas.” Disse-lhe que não me sentia assustado mal a música começava e que nem me apercebia que me mexia tanto enquanto cantava. Disse-lhe que ia tentar ficar quieto durante o ensaio seguinte.

 Mas no ensaio seguinte aconteceu a mesma coisa. Mal a música começou, já não era mais eu. Mesmo que quisesse, não seria capaz de parar de me mexer. Porque todo aquele movimento fazia tanto parte da música para mim como as palavras que estava a cantar. Disse ao Scotty e ele disse, “Tudo bem, então faz o que te parecer natural.” E foi o que fiz desde então.

 





Depois desse primeiro disco ter sido um sucesso, apareci num grande festival de música em Memphis, a minha cidade, num anfiteatro ao ar livre. Nunca vou esquecer como foi, estar parado nos bastidores, a ouvir todos aqueles artistas excelentes e a saber que teria de ir para lá em apenas dois minutos e tentar ser tão bom como todos os outros. Quando chegou a minha vez, estava completamente morto de medo. Eu e a minha banda lá fomos, instalámo-nos e estávamos prontos para começar. Mas caramba, não éramos capazes de nos mexer!

 Parecíamos um monte de gente morta, por estarmos com tanto medo. Acho que tínhamos umas quatro a cinco mil pessoas no público e eles olhavam para mim e eu olhava para eles. Depois lá houve alguém na secção do baixo que teve coragem para começar a tocar e os outros foram atrás. Quando me apercebi, já estava a cantar. E depois o público começou a gritar um pouco, depois a gritar imenso, até entrarem bem na onda e todos nos divertimos imenso. Saí do palco e eles aplaudiram e continuavam a chamar-me de volta.

 Não conseguia perceber porquê. Não fazia ideia nenhuma do que tinha feito que eles tivessem gostado tanto. O meu empresário deu-me um empurrão em direcção ao palco e disse-me para ir lá e fazer o que tinha estado a fazer. E eu disse, “O que é que tenho estado a fazer?” Ele respondeu, “Tens estado a estremecer por todos os lados.” Disse, “As tuas pernas têm estado a abanar ao som da música, os teus olhos a piscar e os teus ombros a mexer e tudo o mais! Vai lá e continua a fazer isso!”

 

Então, voltei para o palco e escolhemos rapidamente outra canção de rock and roll. E eu disse para mim mesmo, “Agora escuta, tenta e volta a fazer o que fizeste.” Quando a música começou, não me lembrei mais do que tinha dito a mim mesmo, mas devo ter feito a mesma coisa outra vez porque o público gritava e berrava como louco quando a canção chegou ao fim. Foi aí que realmente tudo começou, naquela noite, e tem sido assim desde então.

 

Só desejava – como posso explicar isto? – poder fazer tudo com a música. Desejava poder saber tocar todos os instrumentos. Desejava poder saber cantar todas as canções. E desejava poder agradecer-vos a todos que se sentem da mesma forma em relação à música e que mo dizem. Tenho tido tanta sorte. Desde aquele primeiro início fantástico no programa televisivo, Stage Show, até agora, e ao Sr. Sullivan. Tenho tido tanta sorte. Às vezes até me custa a acreditar.






 

E Agora, que Mais Posso Dizer?

 

Só não sei dizer como me sinto agora, em relação a tudo isto. Desde aquela primeira noite, as coisas têm acontecido tão depressa que realmente não sei. Claro que gosto. Tem sido a coisa mais maravilhosa do mundo.

 A forma como têm comprado os meus discos da RCA Victor e como têm vindo aos meus concertos e me têm visto no programa televisivo do Sr. Sullivan e em todos os outros. Não sei realmente o que dizer.

 E agora que fiz o meu primeiro filme para a 20th Century-Fox, tenho esperanças de poder vir a aprender a ser o melhor actor que possa. Fazer Love Me Tender foi algo que jamais vou esquecer.

 Nunca irão saber como Debra Paget foi simpática para mim, a ajudar-me a aprender todas as deixas e a estudar. E o mesmo se aplica a todas as pessoas de lá. Que posso eu dizer excepto que me sinto grato a todos eles?

 

E que vos posso dizer a vocês? Só posso dizer a mesma coisa. Obrigado. Sei que não é suficiente, mas quero dizer-vos outra coisa. Com essa palavra também segue uma grande parte de mim. Uma parte de mim que nunca teria existido de todo senão fosse pela vossa ajuda e encorajamento.

 E quero que saibam que o meu agradecimento vem daqui, do fundinho do coração mais feliz neste mundo inteiro.

 

Sim, tenho tido sorte. E sabem uma coisa? Às vezes sinto-me como se fosse tudo um sonho, como se fosse esfregar os olhos, acordar e ver que acabou tudo. Espero que não. Espero que isso nunca aconteça. Espero que nunca acabe.

   
Estou sempre imensamente grato a todos meus fãs. São realmente responsáveis pela minha aceitação e sucesso. Deste modo, para que o correio sempre a aumentar que vem destas pessoas maravilhosas possa ser devidamente recebido e lido, estamos a mudar a Sede do Clube de Fãs de Elvis Presley para Hollywood. 

Agora que acabei Love Me Tender para a 20th Century-Fox e vou fazer outro filme para a Paramount, parece que vou passar muito tempo em Hollywood. Por isso, por favor, encaminhem as vossas cartas para mim para Box 94, Hollywood, California. Muito obrigado!


Fonte: Revista Elvis Answers Back/elvis100percent.com

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